O rebolado de Anitta Meirelles
Por Mario Sabino
Li
em O Globo que #Caetano Veloso, Gilberto #Gil e #Anitta (outra dessas
mocinhas calipígias, com o nome igualmente arrebitado por duas letras
repetidas) foram convidados para cantar na festa de abertura dos #JogosOlímpicos do Rio, no próximo dia 5. Achei que lia notícia velha, já que
faltam apenas 26 dias para o espetáculo. Não, é notícia fresca. E mais:
estão na dúvida se cantarão acompanhados por uma orquestra ou apenas por
violões.
Mesmo que a
música escolhida seja a batida “Isto aqui, ô ô, é um pouquinho de #
Brasil, iá iá…”, de Ary Barroso, seria mais prudente que tudo estivesse
ensaiado. Tive a felicidade de
assistir in loco à abertura dos Jogos de Pequim, em 2008, e garanto que
nada daquela maravilha foi de última hora.
A
abertura dos Jogos Olímpicos são um show planetário, com um público
nunca menor do que dois bilhões de telespectadores. Eu não sei fazer
show, mas sei que o mundo vai torcer o nariz ao ouvir Caetano Veloso,
Gilberto Gil e Anitta cantando Ary Barroso, com ou sem orquestra. O
Caetano e o Gil chineses não foram convocados para apresentar-se no
Ninho de Pássaro, em Pequim, e duvido que eles tenham uma Anitta. Talvez
a nossa Anitta salve um pouco a Pátria se a metade masculina dos dois
bilhões de telespectadores a vir rebolando (imagino que ela rebole),
preferivelmente de short e salto alto. Se não acabar a luz, claro.
O
problema do Brasil não é rebolar com o traseiro e sim com o cérebro.
Rebolado de cérebro chama-se improvisação. Parece claro que, a esta
altura, vamos improvisar bastante na abertura dos Jogos Olímpicos.
Improvisação mata de vergonha e também fisicamente, como demonstra o
caso da ciclovia carioca que desmoronou por causa de uma onda. Apesar de
toda a vergonha que passamos e todas as mortes que causamos, insistimos
em improvisar.
Rebolar
com o cérebro pode, ainda, arruinar a economia de uma nação. Eu começo a
achar que Henrique Meirelles é a nossa Anitta no ministério da #Fazenda.
Para começar, ele tem duas letras repetidas. Além disso, embora tenha à
disposição uma orquestra de notáveis, parece inclinar-se para o
sambinha no
violão que fazia a alegria dos petistas. Não o sambinha de uma nota só,
mas o de bilhões delas, saídas do bolso dos pagadores de impostos.
Annita
Meirelles rebola à nossa frente, repetindo o diagnóstico sobre a
situação brasileira que o mundo está cansado de saber e gosta de ouvir.
Eu espero que ele termine logo o seu show, pare de gastar nos bastidores
e siga o roteiro da austeridade, antes que acabe a luz deste Brasil
brasileiro.
Fonte:
Diogo Mainardi + Mario Sabino, os antagonistas
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