Quero que o meu neto leve olé do neto do Estevão.
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Por Mario Sabino
Eu estudei em #EscolaPública do quarto ano ao
primeiro colegial. Ou seja, de 1971
a 1976. Fui para a escola pública depois que a separação
dos meus pais empobreceu a minha #mãe; voltei para a #escola particular depois que
o meu pai, casado pela segunda vez, parou de brigar com a minha mãe — e a
escola pública havia começado a se tornar um lixo completo.
As duas escolas públicas que tive a oportunidade de
frequentar contavam com excelentes professores, laboratórios bem equipados,
bibliotecas decentes e quadras de esporte impecáveis. Eram exceções num
universo incomparavelmente melhor do que o de hoje. #Filho de #médico, eu
convivia com filhos de #empregadas domésticas, #pedreiros, #feirantes,
#comerciários, #garçons e, imagino, #desempregados. #Branco, eu convivia com outros
#brancos, #negros, #mulatos, #cafuzos e #asiáticos. Bom corredor, no pega-pega, eu
levava olé do Estevão, primogênito de uma lavadeira.
Nossos filhos não tiveram nem terão semelhante
experiência. Mesmo que ocorram vicissitudes familiares como as que marcaram a
minha infância, sempre haverá um tio pronto a evitar a “tragédia” de os
sobrinhos serem obrigados a sair do sistema privado de ensino. Escola pública,
para a classe média, agora é ameaça de castigo para quem tira notas ruins: “Se
não se emendar, mando você para uma escola #estadual!”. Virou lugar para
#vagabundos.
A #falência total da escola pública não é só fruto do
descaso, mas de uma política desenhada para o seu aniquilamento — que,
paradoxalmente, se acentuou com a #redemocratização do país. Destruiu-se a
escola pública para enriquecer empresários que, em geral, oferecem ao povão um
ensino ruim envernizado por instalações físicas razoáveis. Destruiu-se a escola
pública e, com isso, fortaleceu-se a pedagogia esquerdista que prega a
desordem, não o progresso. Resultado: quedas contínuas no desempenho dos #alunos
brasileiros nos exames internacionais e da produtividade dos nossos
trabalhadores de qualquer nível.
Não haverá democracia no #Brasil enquanto não houver
escola pública de boa qualidade para todos, inclusive os seus descendentes. Não
apenas porque ela oferecerá chances iguais a pobres e ricos, mas porque
possibilitará a queda do enorme muro que separa as classes sociais. É preciso
que ricos possam brincar com pobres no recreio; é preciso que pobres possam
brincar com ricos no recreio — e, juntos, aprendam o que vale a pena a ser
aprendido em sala de aula. E, juntos, deixem de ter medo uns dos outros. E,
juntos, prosperem e construam uma nação.
Eu quero que, no pega-pega, o meu neto leve olé do
neto do Estevão.
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